Pode ser perseguido um padre que ensina o catecismo?

A Resistência vive dias de confusão e discórdia. Após a polêmica sobre os milagres fora da Igreja Católica, outros fatos mais ou menos graves ocorreram. Dom Tomás de Aquino, prior do Mosteiro da Santa Cruz e futuro Bispo, aconselhou a alguns fiéis do estado de São Paulo que não recebessem o Padre Ernesto Cardozo, como já faziam, até que o Padre se entendesse com os Bispos, Dom Williamson e Dom Faure. Não tendo conhecimento de nenhum pronunciamento mais detalhado de Dom Tomás, acreditamos que a discordância tenha relação com os seguintes pontos:
1) O fato do Padre Ernesto Cardozo não aceitar a possibilidade de milagres fora da Igreja Católica
2) Algum eventual desrespeito ou insubordinação do Pe. Cardozo para com Dom Williamson
3) O fato do Pe. Cardozo não aceitar que a “igreja conciliar” é ou faz parte, de alguma forma, da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica.
Trataremos brevemente dos três pontos. 
1) O problema dos milagres.
É certo que alguns teólogos católicos apontam para a possibilidade de Deus fazer milagres fora da Sua Igreja. (Van NoortHervé). Por outro lado, alguns outros simplesmente não tratam do tema (De GrootPesch) e outros aparentemente negam (Ceruti). A autoridade de Santo Tomás de Aquino parece pesar para o primeiro caso, mas não se pode negar que o Catecismo de São Pio X afirme exatamente o contrário. 
“O fiel que ler com retidão de coração a História eclesiástica verá resplandecer a santidade da Igreja, não só na santidade essencial de sua cabeça invisível, Jesus Cristo, na santidade dos Sacramentos, da Doutrina, das Corporações religiosas, de muitíssimos de membros, mas também na abundância dos dons celestes, dos sagrados carismas, das profecias e milagres com que o Senhor (negando-os às demais religiões) faz brilhar  à face do mundo o dote da santidade que está adornada exclusivamente sua única Igreja.” (Breves noções de história eclesiásticas, n°139, Catecismo de São Pio X).

Veremos, contudo, que o mais importante não é essa discussão abstrata, mas o caso concreto proposto por Dom WilliamsonOs leitores de Dom Williamson, seu público, são os católicos da Resistência. O Bispo afirmou ter tratado desse assunto para inspirar nos católicos resistentes a humildade, o reconhecimento de que entre as pessoas da seita conciliar podem haver excelentes católicos. Sobre a humildade há uma vasta literatura, indo da Bíblia até importantes passagens de São Francisco de Sales, Santo Afonso Maria de Ligório e muitos outros santos e teólogos, incluindo um pouco conhecido livrinho de Leão XIII. No mais, coitados de nós se nos consideramos alguma coisa. Ter maior conhecimento da verdade é uma graça e devemos nos esforçar muito para corresponder a ela. Quanto aos fiéis que infelizmente se encontram no meio modernista, também não vi nenhum membro da Resistência afirmar que eles são hereges formais, que estão condenados ou coisa assim. Evidente que grande parte não compreende que aquilo que faz e acreditam não é propriamente a doutrina católica e que, dessa forma, não têm culpa nesse erro. Mas quem nega isso?
Se o problema é a Missa Nova, a quase totalidade dos católicos da tradição não nega que nela é possível haver consagração. Pensam assim porque esse foi o ensinamento de Dom Lefebvre e de Dom Castro Mayer, bastaria repetir as afirmações deles.
Além disso, mesmo entre os teólogos que aceitam os milagres fora da Igreja, além de uma grande prudência para afirmar sua existência, maior ainda do que aquela normalmente usada pela Igreja para confirmar os milagres ocorridos em seu próprio seio, há a seguinte precisão: Esses milagres nunca confirmam as doutrinas dos hereges, mas só aquilo que eles conservam de católico. (A transubstanciação entre os cismáticos, por exemplo.) O respeitado teólogo Gerardus Van Noort afirma o seguinte:
Muitos falam sobre as curas miraculosas de Ivan Serguiev, sacerdote russo mais conhecido como Padre João de Croonstadt. Os fatos históricos não são confirmados, mas, mesmo se verdadeiros, nada provam em favor dos cismáticos, mas apenas das verdades que a igreja Russa conserva da verdadeira religião católica. (VAN NOORT, Tratactus de Vera Religione, 1929, p. 77)
Apliquemos o mesmo aos casos expostos por Dom Williamson. Os supostos milagres, se verdadeiros, apenas provariam que na Eucaristia há o Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.  Tudo bem, mas há quem negue isso dentro da Resistência?! Não é possível. Qual a outra lição a ser tirada dos supostos milagres? Que pode haver consagração na Missa Nova. Certo, e, mais uma vez, quem o nega? Os que pretendem ser seguidores de Dom Marcel Lefebvre é que não o fazem. Qual é o sentido disso tudo? Qual é a razão desse debate? Colecionar citações? O problema maior é que os exemplos de Dom Williamson, no máximo, provariam aquilo que todo o mundo acredita, defenderiam aquilo que ninguém nega. Ou o propósito seria aproximar os fiéis da Resistência da chamada Missa Nova como, claramente, fez o Bispo recentemente ao recomendar a uma fiel que vá a essa missa? Deus o sabe. 

2Eventual desrespeito ou insubordinação do Pe. Cardozo para com Dom Williamson

Até onde sabemos, Pe. Cardozo sempre foi respeitoso com Dom WilliamsonConheci o Padre no início de 2012 (ou pouco antes, não recordo bem) e nunca o vi divulgando as inumeráveis acusações, de ordem doutrinária e moral, feitas contra o Bispo já há um bom tempo. 
Padre Cardozo afirmou que Dom Williamson nem sempre raciocinava bem. Mas isso não é, de modo algum, uma falta de respeito. Consta que Dom Williamson toma remédios que têm como consequência desencadear alguns problemas cognitivos, mas dizer isso não é um xingamento, como alguns podem ter entendido. Pelo contrário, é uma forma de estimular maior tolerância para com o Bispo.
Indo para as questões da Fé, é errado afirmar que Pe. Cardozo é o único insubordinado. Basta pensar que a Resistência se constituiu como um movimento que resistia aos acordos entre a FSSPX e os modernistas de Roma. Pois bem, seu então único Bispo, pelo contrário, afirmou claramente que iria correndo a Roma caso fosse chamado por Francisco. Até onde vi, sem nenhuma condição, sem nenhuma conversão de Roma, como exigia Dom Lefebvre nos seus últimos anos de vida. Certamente muitos padres e fiéis ficaram contra Dom Williamson, insubordinados, mas em silêncio. Quantos hoje aceitariam isso? Com que cara nos apresentamos aos da FSSPX ao afirmamos que eles são acordistas quando nosso Bispo lança uma afirmação dessas? Uma organização cujo líder afirma que fará algo contrário à própria essência dessa organização... exemplo melhor de um casa dividida? Que aumente o número de insubordinados! 
Mas vários foram os momentos de insubordinação. Dom Tomás de Aquino, se bem me lembro, a quando da Crisma de 2012 conferida por Dom Williamson no Mosteiro da Santa Cruz, se viu na desagradável situação de corrigir o Bispo que afirmava Bento XVI ter o “coração tradicionalista”, mas a mente modernista. E atualmente não é apenas o Pe. Ernesto que se pronuncia contra o Bispo inglês: Padre Hewko, Padre Pffeifer, Padre Altamira e o responsável pelo blog Avec l’Immaculée, pelo menos, se opuseram às declarações de Dom Williamson.
Além disso, é necessário considerar que tipo de grupo é a Resistência. Quando a Resistência estava se formando, e isso tem bem pouco tempo, Dom Williamson escreveu alguns artigos explicando qual seria a orientação dessa organização. Uma característica marcante desses comentários é a pregação de uma liberdade ou, no mínimo, de uma grande tolerância para com as mais diversas tendências.
Diversas vezes Dom Richard Williamson afirmou que a Resistência não deveria – e não poderia – ser uma estrutura, um exército bem ordenado. 
“Meu colega aponta que mesmo a Fraternidade do Arcebispo resistiu à Igreja liberal e ao mundo por apenas 30 ou talvez 40 anos, e a situação é um tanto pior agora do que era em seu tempo. Quando a pátria é ocupada pelo exército do inimigo, meu colega conclui, é impossível organizar um exército de defesa. Tudo o que resta é o combate por meio de guerrilhas.”  http://borboletasaoluar.blogspot.com.br/2013/09/comentarios-eleison-resistencia.html
Na sua conferência que ficou famosa por sua afirmação que iria correndo se fosse chamado por Francisco há um importante trecho que confirma sua visão sobre a Resistência.
“Amizade, contato, conselho, auxílio, confirmar suas crianças, que é o estou fazendo aqui, mas mais que isso... eu não tenho autoridade. Eu não tenho autoridade. Eu tenho a ordem episcopal, mas essa ordem não é o mesmo que jurisdição. [...] Mas eu não fundei nenhuma sociedade. Se eu construísse uma sociedade, eu precisaria da permissão de Roma. Não faria algo por mim mesmo. Eu não tenho autoridade. Eu não posso ter autoridade. Amizade, contato, conselho, auxílio, sem problema. Autoridade, problema. [...] Passa passar da teoria para a realidade. Na realidade... você consegue imaginar que comandar padres da resistência seja o mesmo que pastorear gatos? Você consegue imaginar? Seria isso inimaginável? Neste caso, valeria a pena tentar se se está destinado a falhar? Pode ser melhor não tentar do que tentar e falhar. Alguns de vocês podem pensar que seria melhor tentar porque isso talvez possa dar certo. Eu não tenho a autoridade. [...] Então, naquilo que é chamado de movimento da Resistência, vocês vão ter um problema de autoridade.

Acostumem-se com a ideia. (Dom Williamson. Conferência em Post FallsIdaho, 01/06/2014 - 47:12 minutos até 51:00 minutos, com intervalos. https://www.youtube.com/watch?v=yVxp0rl6A18 )

Pouco depois, Dom Williamson afirmará que é mais realista, na sua opinião, atuar como uma rede de pessoas em coordenação, não numa instituição propriamente dita. Com isso, entendemos que a Resistência é uma espécie de confederação de sacerdotes na qual Dom Williamson, até então único Bispo, tinha um papel preponderante por sua qualidade de Bispo, mas não uma estrutura organizada, propriamente hierarquizada. 
Essa concepção de organização é até coerente com o entendimento de Dom Williamson a respeito das diferentes possibilidades que se apresentam para o católico nesses momentos de crise. Em um dos seus Comentários, o Bispo escreveu o seguinte: 
Não é nada fácil, mesmo para os bispos, enxergarem direito quando o Bispo de Roma está enxergando torto. Segue-se que aqueles que pela graça de Deus – e por nada mais – enxergam direito, devem ter uma compaixão de 360 graus pelas almas tomadas pela confusão não totalmente por sua própria culpa. Assim, parece-me, se Tiago está convencido de que para salvar sua alma ele deve permanecer na Neoigreja, eu não preciso martelá-lo para que saia dela. E se Clara está convencida de que não há nenhum problema grave dentro da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, eu não devo forçá-la a entender que sim, há. E se João não pode ver nenhuma outra maneira de manter a Fé sem acreditar que de algum modo a Sé de Roma está vacante, eu preciso não mais do que insistir com ele que essa crença não é obrigatória.” http://borboletasaoluar.blogspot.com.br/2014/03/comentarios-eleison-politica-da.html
Então, se Tiago, Clara e João podem, segundo Dom Williamson, sustentar opiniões diversas sobre como reagir frente o estado atual da Igreja (opiniões que vão da adesão à neoigreja até o sedevacantismo), poderá também Padre Ernesto ter sua opinião? Ou ele e os seus amigos são os únicos que devem ser evitados? Os que pretendem discordar do Bispo nesse ponto tomem cuidado, pode ser insubordinação. 
Além disso, pela própria organização da Resistência, poderia algum Padre ou mesmo um Bispo, proibir outro de fazer seu apostolado? Fique claro que Dom Tomás não proibiu os fiéis de receber Padre Ernesto, apenas recomendou que não o recebessem. Falamos isso especialmente para os fiéis, para que entendam que, salvo melhor entendimento, não há vínculo de subordinação na Resistência, conforme o próprio Dom Williamsonafirmou. Uma recomendação não é uma ordem. Dom Tomás sendo Padre ou Bispo, também não tem autoridade para proibir um ou outro padre de fazer seu apostolado. Ele sabe disso, falo aos fiéis.
Quanto ao argumento de que Dom Williamson é Bispo e, portanto, deve ser respeitado e obedecido, não é necessário nem mesmo comentar. Espanta que alguns da Resistência tenham sequer cogitado isso. Dom Fellay é tão Bispo quanto Dom Williamson, logo...

3A recusa do Pe. Cardozo em aceitar que a “igreja conciliar” é ou faz parte, de alguma forma, da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica

A hipótese que a igreja conciliar é ou faz parte, de alguma forma, da Igreja fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a Santa Igreja Católica, ao que parece, tem ganhado a adesão de importantes setores da Resistência, principalmente de suas lideranças. 
Qualquer católico que conheça o mínimo de doutrina entenderá as dificuldades teológicas que a situação atual levanta e a necessidade de reconhecê-las e, na medida do possível, respondê-las. Se concordamos com a necessidade de buscar algumas respostas, temos graves dúvidas quanto à resposta apresentada por algumas lideranças da Resistência.
Esperamos voltar ao assunto oportunamente. Agora, contudo, fiquemos no caso do Padre Ernesto Cardozo. O fato dele não aceitar a hipótese de que a “igreja” conciliar de alguma forma pode ser identificada com a Igreja Católica tem sido interpretado como sinal de seu “eclesiavacantismo”, neologismo cunhado para nomear a doutrina que diz estar a Igreja vazia, devido à apostasia do clero. O eclesiavacantista seria aquela pessoa que afirma a Igreja Católica está reduzida a um pequeno grupo, identificável com o dos tradicionalistas. 
Antes de acusar o Padre Ernesto disso, seria preciso provar que é esse o seu pensamento. Pelas ações e homilias dele que pudemos ver, não é possível atribuir o tal eclesiavacantismo a ele. O fato de ele aceitar padres consagrados no novo rito já prova isso. Aliás, é muito fácil atribuir essa posição a outras pessoas. Dom Williamsontambém poderia ser acusado desse “erro”:
            Assim, onde Monsenhor Lefebvre viu claramente que a Igreja conciliar, ao perder todas as quatro marcas da Igreja Católica (una, santa, católica, apostólica), não era mais a Igreja Católica, Monsenhor Fellay (Superior Geral desde 1994) e o Pe. Nicholas Pfluger (Primeiro Assistente desde 2006) insistem hoje que só pode haver uma Igreja, e então a Igreja Conciliar é a Igreja Católica. Assim, naturalmente, se Monsenhor manteve a FSSPX a uma distância segura da Igreja conciliar, Monsenhor Fellay e o Pe. Nicholas Pfluger querem abolir essa distância e trazer a FSSPX de volta ao interior dessa Igreja que é conciliar. E nem Monsenhor Fellay e nem o PePfluger se sentirão católicos até que eles tenham atingido esse fim.      
O próprio Dom Lefebvre poderia cair nessa condenação já que são ele as seguintes frases retiradas do texto Reflexões sobre a Suspensão a divinis de 29 de julho de 1976: 
“A Igreja que afirma esses erros é cismática e é herética. Essa Igreja Conciliar, portanto, não é católica.” “Na medida em que o papa, bispos, padres ou fiéis aderem a essa nova Igreja, eles separam-se da Igreja Católica.
A situação atual é tão terrível que mesmo um sacerdote vinculado ao Vaticano e crítico dos tradicionalistas chegou ao ponto de se perguntar “onde está a Igreja” após o Vaticano II. E continua seu questionamento interrogando “é ainda ela a mostrar-se nas consequências do pós-concílio, outra trata-se somente de uma irreconhecível contrafação?” (Brunero GherardiniConcílio Vaticano II, um debate a ser feito, 2011, p.228) Ora, na Resistência temos que ter uma posição mais branda do que a daqueles que moram no próprio centro do modernismo? Entre nós não vale a “compaixão de 360 graus” defendida por Dom Williamson?

Fico feliz ao ver que os defensores dessa tese atuam intrepidamente, inclusive na forma como tratam seus adversários. Parecem muito seguros de seus fundamentos. Sinceramente, espero que estejam certos e que, de alguma forma, possamos olhar para o Vaticano, para as dioceses e paróquias e ainda ver a Igreja Católica. O problema seria menor. Contudo, ao dizer que a “igreja conciliar”, fruto maduro do modernismo condenado por São Pio X, de alguma forma é a Igreja Católica, espero que preservem as notas dessa única Igreja fundada por Nosso Senhor. Especialmente, espero que não se esqueçam que a Igreja é Santa e, como tal, não pode fazer o mal, não pode afastar as pessoas de Deus, não pode impor leis iníquas, não pode ensinar formalmente o erro. 
Quando falamos de crise na Igreja só podemos nos referir aos aspectos acidentais dela. Pode ser a diminuição de sua extensão pelo mundo, pode ser a diminuição da santidade e doutrina dos seus membros, podem ser as discórdias e divisões entre eles, mas não, nunca, a mutação da Santa Igreja numa outra coisa, numa prostituta que desvia os homens de Deus. Os senhores sabem disso. Alguns dirão: mas a negação disso é o eclesiavacantismo, o sedevacantismo! Não necessariamente. Mas, se as únicas opções possíveis fossem essas, antes aderir ao que for doque blasfemar contra a santidade da Igreja. Assim que for provado – se já não foi, não sei – que é possível afirmar que a “igreja” conciliar de alguma forma é a Igreja Católica e, ao mesmo tempo, não negar a santidade da Igreja, serei adepto dessa hipótese. Até lá, não é tolerável que alguém tenha suas divergências? Não é razoável que alguém prefira ficar com algo certo (a santidade da Igreja) do que com uma hipótese teológica? Além disso, mesmo que não seja uma mera hipótese, mas uma tese certa, alguém que não a aceitasse deixaria de ser católico? É uma verdade de fé? Qual é seu grau de autoridade? Se não é necessário aderir a ela para ser católico seria necessário aderir a ela para pertencer à Resistência?

Conclusão
Aos fiéis que se afastaram do Padre Ernesto Cardozo e àqueles que pensam em não mais recebê-lo: os senhores trocarão a Graça de Deus por um prato de lentilhas? Pois, até onde podemos ver, é disso que se trata. Trocar a santificação de suas almas pela adesão a um Bispo que afirma não ter autoridade, trocar confissões, comunhões por uma hipótese teológica. 
Estando em jogo a Fé católica, não é possível outra reação do que afastar o herege, seja quem for, inclusive o Padre Ernesto Cardozo. Mas, não é o caso. Qual artigo da fé ele negou? 
Aos fiéis lembro as palavras de Georges Bernanos, alguém que certamente seria um grande colaborador de Dom Lefebvre se não tivesse morrido antes do famigerado Vaticano II:
“Ninguém dentre nós que carregue seu fardo- pátria, profissão, família – como nossos pobres rostos sugados pela angústia, nossas mãos duras, o enorme tédio da vida cotidiana, do pão de cada dia a garantir e da honra de nossas casas, ninguém dentre nós jamais saberá teologia o suficiente para tornar-se meramente cônego. Mas sabemos o suficiente para nos tornarmos santos. Que outros administrem em paz o reino de Deus!” (Georges BernanosJoana, Relapsa e Santa, 2013, p.45)
Saber se e de que modo a igreja conciliar é a Igreja Católica ou dela faz parte, além de ser algo inacessível a considerável parte dos fiéis, não é necessário para viver santamente. No grande Cisma os santos foram divididos, Santa Catarina de Siena e Santa Brígida da Suéciaacreditando que o Papa de Roma era o verdadeiro Papa,São Vicente Ferrer e o Beato Pedro de Luxemburgo que o de Avignon era o sucessor de Pedro. Estar certo ou errado nesse ponto não foi o que fez ou deixou de fazer deles santos, mas estar certo sobre as verdades fundamentais da Fé e segui-las, isso sim, faz parte do caminho para a salvação. “Não é com a argumentação prolixa da lei que o gênero humano é salvo, mas com a concisão da fé e da caridade”. (Santo Irineu de Lyon. Demonstração da pregação apostólica, 2014, p.130)
O que nos importa, a nós, os miseráveis leigos quase sempre privados da Missa dominical, das nossas igrejas, da possibilidade de se confessar semanalmente como aconselham alguns santos, de ter os sacramentos nas nossas próprias paróquias e de tantas outras coisas? O que nos importa é a Fé e os santos sacramentos que nos aproximam da Pátria Celeste. Foi assim que Dom Lefebvre nos instruiu, é para isso que ele trabalhou, viveu e sofreu:
“O restaurador da Cristandade é o sacerdote que oferece o verdadeiro sacrifício, que administra os verdadeiros sacramentos, que ensina o verdadeiro catecismo em sua missão de pastor vigilante pela salvação das almas. É ao redor desses verdadeiros sacerdotes fiéis que os cristãos devem agrupar-se e organizar toda a vida cristã. Todo espírito de animadversão contra os sacerdotes que merecem total desconfiança diminui a solidez e firmeza da resistência contra os destruidores da fé.” (Dom Marcel Lefebvre, 1991. Apresentação a Documentación sobre la Revolución em la Iglesia N.1, 1990.)

Augusto Mendes

Comentários

  1. Acho melhor que todos se reconciliem pelo bem da Resistência, pois um padre sem bispo não tem razão de ser. É bom que o Pe.Cardozo se reconcilie com os bispos e que a Reistência mantenha a unidade pelo bem da igreja e pela luta e combate em prol da verdadeira Igreja Católica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Anonimo, espero que Dom Williamson volte atrás nas ambiguidades que tem dito. A reconciliação entre os dois será dará somente na correção da fé.

      Excluir
  2. Excelente artigo!!!!

    Nós aqui de Caçapava SP, estamos com o Rev.Padre Cardozo.

    VIVA CRISTO REI!

    ResponderExcluir
  3. nao se preocupe com bispos pois hoje tem muitos padres bispo cardeais e ate o falso papa servem ao demonio ele e defesor do pecado aborto e pedofilia e homosexualismo . fuga deste demonio e siga ao sao joao paulo II e suas enciclicas e seu catecismo belissimo feito por inspiraçao de Deus.

    ResponderExcluir
  4. Voce parece meio confuso. Ou talvez completamente.
    Sigo a Igreja Católico Apostólica Romana e seu magistério de 2000 anos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas